A singularidade da poesia de Cecília Meireles face ao modernismo é a questão inicial colocada por Leila Gouvêa neste ensaio: para a autora, pode-se caracterizá-la como poesia moderna dentro da tradição pós-simbolista internacional. Analisando as obras de Cecília, desde a fase inicial até sua produção madura, a autora procura identificar o pensamento estético da escritora, a presença do cotidiano em sua poesia, como a genealogia do pensamento e da "metafísica" atravessa sua lírica, a presença do mito, a presença e o sentimento do tempo histórico na poética ceciliana. Alcides Villaça observa que a autora apresenta um generoso leque de perspectivas de interpretação, adicionadas a partir do ângulo de quem sente e pensa a poesia ceciliana: da alegorização platônica à presença viva dos mitos, do "canto encalacrado" à incursão histórica, da sondagem dos elementos musicais e imagéticos ao plano de uma dolorosa metafísica.