Muitos séculos atrás surgiu na Índia o culto de uma divindade feminina superior a todos os outros seres divinos do Hinduísmo. Essa tradição ensina que existe uma Grande Deusa, chamada Úakti - a poderosa - que é a origem de tudo o que existe. Ela é considerada a soberana do universo, podendo se manifestar sob inúmeras formas diferentes, como as muitas deusas descritas nas mais antigas obras indianas. Essa corrente religiosa, chamada Úktismo, não tem paralelo em outras regiões do mundo. Ela ainda existe e tem grande influência, na Índia. Este livro apresenta a história desse movimento devocional, apresentando suas raízes na antiga tradição dos Vedas e analisando suas transformações ao longo de 3.000 anos, até atingir sua plenitude no período medieval indiano. Embora a ideia de uma Grande Deusa suprema já estivesse esboçada nas fases mais antigas, nelas se observa principalmente uma multiplicidade de deusas e não uma deusa suprema única. No início da era cristã surgem as primeiras obras em que a Úakti começa a ser apresentada como o único poder fundamental do universo e adquire um papel fundamental na tradição Tântrica. Depois de um longo desenvolvimento, a Grande Deusa indiana passa a ser considerada como a divindade suprema, como Realidade Última e fonte de toda a criação. Essa visão religiosa feminista da Índia é pouco conhecida no Brasil. Agora, pode ser apreciada em nosso país, graças à pesquisa cuidadosa e profunda que Flávia Bianchini realizou sobre a Grande Deusa indiana. Além de ser uma obra útil para os especialistas das religiões, ela certamente despertará um interesse mais amplo, por parte das pessoas que estão se voltando para o estudo dos aspectos femininos da religiosidade.