Apesar das promessas reiteradas de campanha, o país nunca se decidiu, de verdade, a combater a pobreza, até porque ainda não tivemos um Presidente que não fosse refém do mercado. O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil - 1996, elaborado pelo IPEA/PNDU, a par dos méritos técnicos, encobre este fato crucial de nossa história. Perde ainda o fio da meada, quando se desliga da postura crítica que o PNDU sempre manteve com respeito ao país, desde 1990, nas versões internacionais. Parece paradigmático que um governo representado por figuras acadêmicas relevantes, além de esquecer o que se havia dito antes, investe sua competência técnica para obscurecer a análise da realidade, caindo na rede clássica das manhas do poder: mais importante que combater a pobreza, é fazer uma cortina de fumaça em torno da pobreza, com o objetivo de permanecer no poder. A reprodução da massa de manobra muda apenas na elegância com que é apresentada. Diante disso, este livro busca fazer um contraponto, no sentido de mostrar uma argumentação divergente. No neoliberalismo é impossível colocar o mercado a serviço dos direitos humanos, mas, ainda assim, é possível fazer coisa muito melhor do que as farsas do Relatório.