As civilizações indígenas da América do Sul são desconhecidas de grande parte dos atuais habitantes deste continente por várias razões. Os processos coloniais, em diferentes ondas, promoveram (e promovem) epidemias, escravidão, migrações forçadas e esbulho dos territórios ancestrais. Certamente a hecatombe promovida pela invasão europeia tem relação com o desconhecimento sobre a extensão espacial e histórica das civilizações americanas, mas, em se tratando das terras baixas, acresce-se a isso morfologias sociais que, aos olhos de populações habituadas com reis, sacerdotes, presidentes e ministros, pareciam (e parecem) atomizadas. A absoluta originalidade das formas de organização política e de produção de territórios que esses povos desenvolveram ao longo de milênios, em suas próprias diferenças com relação às formas latinas, tornaram obscurecidas, subterrâneas, as relações que viabilizaram, por exemplo [...]