Antônio Fraga é um personagem da Lapa e do Mangue, do Rio, do Brasil. Um escritor, poeta e dramaturgo moderno e fecundo que veio das camadas populares da sociedade, com pouca instrução formal, enfrentando dificuldades de todo tipo, rabiscando poesias em guardanapos de mesa de botequim - seu escritório mais freqüente - mas que produziu uma obra digna de admiração dos estudiosos e dos apreciadores da melhor literatura. Como escreveu Antonio Olinto, que com ele fundou o grupo Malraux, em 1945, Fraga "não ganhou fortuna, não pertenceu à Academia Brasileira de Letras nem a nenhuma outra academia, foi morar no interior (...) - mas sabemos hoje que ele não fracassou. Desabrigo ficou, indelável, como obra inimitável." Amigo de Mário Lago, Ledo Ivo, Mário de Andrade, Anísio Teixeira, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinicius de Maraes, Graciliano Ramos e outros intelectuais e artistas com quem partilhou as mesas do Café Nice e outros bares cariocas, Fraga viveu um longo auto-exílio na Baixada Fluminense (onde morou durante décadas), até ser redescoberto por Zuenir Ventura, que o reapresentou ao público numa longa entrevista dada ao Caderno B do Jornal do Brasil em 1985. Agora, a escritora e pesquisadora Maria Célia Barbosa Reis da Silva traça sua história de vida e de literatura, num relato comovente e ao mesmo tempo decisivo para a compreensão da obra originalíssima desse artista genial.