Te convido a adentrar nessa antologia não pelo sinônimo já consolidado de reunião de poemas e/ou textos literários, mas pelo sentido primevo do termo (anthologia, em grego; florilegium, em latim), ou seja, coleção de flores. Se essa associação entre buquê poético e corpos femininos e feminizados, num primeiro momento, parece reafirmar imagens construídas de docilidade, fragilidade e beleza, um olhar mais acurado talvez revele outros sentidos em disputa: as flores que aqui se cultivam pesam, quebram balanças, rompem os vasos, destroem azulejos, ultrapassam portões, exploram o subterrâneo, não estão à venda e expelem substratos que, em decomposição, tornam-se seiva, memória e adubo. É terracota: sangue cíclico que germina desde seus cortes e secreções, tinge o solo e invade o céu evocando alvoradas-romã. Ao ler Chão vermelho, os episódios da web-série humus: tierra fértil para sembrar la rebeldia, que reúne diversas lideranças feministas da América Latina, me vêm à cabeça. Além da (...)