O novo livro de põem as de Cecilia Furquim brusco é um livro de tensões. Tensões linguísticas: mistura de registros linguísticos sem qualquer mediação cortei pauscom garras implacáveis/e joguei no meio da merda, poema circo; tensões políticas: referências à violência de gênero, aos pequenos e grandes fascismos de cada dia, à violência policial violências que, aliás, frequentemente se misturam; tensões cronológicas: reconstruções de certa infância, imaginação de presentes paralelos e possíveis projeções de futuros. Fiel aos impasses da contemporaneidade, a voz por trás de brusco não soluciona essas tensões ela as leva adiante, torna-as testemunhas das dificuldades do ontem, da miséria do hoje e (por que não?) da esperança do amanhã. Assim, brusco não foge de colocar, à mostra, a natureza contraditória das relações de afeto e de poder e sua indissociabilidade: o pai/amava/humilhava//a filha/amava/temia, poema colônia; o segundo homem/não perguntou meu nome/mas me disse/que possui (...)