Ao abrir as portas da memória autobiográfica, a escritora Elisa Nazarian resgata o mais íntimo que existe em todos nós: o campo dos afetos. Sem rodeios nem melodramas, ela nos conduz delicadamente a esse universo tão particular quanto universal, sem o qual não nos saberíamos humanos. Em Feito Eu, Elisa trata dos momentos cotidianos, às vezes perturbadores, e explora o amor no que ele tem de mais visceral e doloroso. Seu verso, límpido e pungente, consegue ser confessional sem se tornar piegas. Sumário 1985 Não tenho muitas amigas...O certo de mulher...Passo minhas unhas...1986 Ele fez fígado flambado...Esta ruga que trago...Não, ainda não...Nunca entendi...Carinhei minha barriga...“Você não é minha mãe...”De todos os homens que eu amo...Minha tia armênia...A hora do engate...Falei pra minha mãe...Sentei naquela cadeira...Meus afetos jorram por todo cantoQuando eu fugi lá de casa...Ele acha que me estraguei...Tira este leão...As Mulheres levam sua carga...Percebi que você escapava...Você me viu enterrar nosso filho...... porque sempre acharam minha mãe...No dia em que fui feliz...Então ele me disse...Ele não tem passado nem memória...Joguei mesmo...1987 Durante toda a travessia...Um dia ele me devolveu...Lavei o quintal...Nos almoços na casa do meu avô...1988 Foi a amiga das confidências...Por você não busco estralas...Ela estava feliz..Não peça que eles saiam...Ele demorou um pouco...Ela me contou...Tive medo de ir pra Nova IorqueMeus filhos estão crescendo1989 Um homem encaixou minha janela...Sentiu-se mal por ter gritado...Quando me perguntarem a idade...Sou mãe só de filhos pequenos...Martim Romaña...Eu lá, sentada na cadeira de espaldar alto...Uma paixão com o andar de quem fica...1992 Quero voltar pra casa...Ele me prefere trabalhando...Se eu o solto...Ganho o amante...Ele me viu chorando...Had we but world enough and time...1993 Deus que me dê o verde de Mauá...No primeiro dia você me construiu bela...Somos todas lindas...Quando ela friamente picotouos próprios cabelos...Um dia o mundo ficou feio...Nasci sem arestas...No dia em que você morreu...1994 Eles cresceram e você não viu...Venho embalando meus mortos...1995 Quando se forem os tormentosda maturidade...Ele se deitou...Aperta-me o sapato...1998 Vou amarrar meu silêncio...Mil vezes o ócio...Comi uma batata frita...Ele me ligou dizendo...porque de resto não sei...Nas épocas em que trabalho muito...1999 Voltei à casa onde pari dois filhos...2003 Massageei seus pés...Quero morrer por um tempo...Não houve beleza na minha dor2004 Depois de morto, meu filho...Porque agora eu sei que a vida...2005 Pus-me a cheirar minha filha...Como saco sem fundo...2006 E se me disserem que você está enfermo...Para o homem que só me faz bem...2007 Embrulho os presentes de Natal...Se me virarem do avesso...