Esta obra expõe os pontos de contato do modelo econômico com as políticas externas dos governos do regime autoritário-militar brasileiro (1964-1985). Demonstra que devido às contradições presentes nos fundamentos, na natureza e na dinâmica do modelo de crescimento econômico, bem como nas correspondentes políticas externas de alinhamento automático com os EUA no contexto da Guerra Fria, não havia como o Brasil se tornar uma "grande potência" até o final do século XX, conforme estabelecera a cúpula do governo Médici no documento, METAS E BASES PARA A AÇÃO DO GOVERNO, elaborado em 1970. Noutros termos, o Estado autoritário-militar instaurado no Brasil após o Golpe de 1o de abril de 1964 não conseguiu propiciar o fortalecimento do Poder Nacional, dificultando, por conseguinte, a superação dos condicionamentos impostos pelo cenário internacional, o que resultou no malogro do projeto de grande potência. Um dos fatores que causou este malogro foi o fato das políticas externas dos governos do referido regime terem incorporado o conceito de interdependência sob uma perspectiva idealista, para não dizer sectária, bem como terem se enquadrado numa percepção bipolar rígida da realidade mundial. Rompia-se peremptoriamente com a Política Externa Independente dos governos Janio Quadros e João Goulart, rejeitando, enfim, o mundo socialista e as estratégias da barganha nacionalista, do neutralismo e/ou do não-alinhamento e até mesmo do multilateralismo. Mas o pior foi, quando se examina a natureza das relações Brasil-EUA nos anos 60-80, o efeito que a ideia e a praxis da interdependência teve sobre a nossa autonomia político-econômica, ocorrendo, como assinalou Caio Prado Junior, "interdependência num único sentido", o que na realidade significava "dependência".