Arthur Boaventura receberá um Prêmio de literatura, mas esta data não é para ele um motivo de comemorações. Angustiado, nesta mesma ocasião, ele decide que nunca mais irá escrever. O dia segue como deve ser, com a naturalidade de todos os outros dias e com as pequenas estranhezas que, também, marcam tantos outros dias. Após retornar da premiação, ele fica preso no elevador que o levaria ao seu apartamento. Acessa o alarme e espera. Pensa e espera. Procura distrações e espera. Fecha os olhos e espera. Quando abre os olhos, se depara com um lugar inusitado: um céu violeta que simultaneamente abriga um sol e uma lua em lados opostos, uma vastidão de terras secas e rachadas amarelo-opacas e uma árvore incomum. Percebe, nesse instante, estranheza ainda maior em si: perdeu a memória e os afetos.