“Eu ainda sou um provocador, a cada vez que respiro, a cada linha que escrevo”, afirmou Thomas Bernhard em suas memórias. “Perturbação”, seu segundo romance, publicado originalmente em 1967, já reúne os principais temas que viriam a se tornar uma obsessão para este autor profundamente original: a autodestruição, a onipresença da morte e a miséria inexorável da condição humana. Neste romance profundamente pessimista, mas não menos fascinante, sente-se a onipresença da morte. Na agonia de uma anciã, nas alusões ao suicídio, no assassinato brutal de uma mulher ou nos pássaros raros, estrangulados um a um pelas mãos ásperas dos trabalhadores de um moinho.O prefácio, assinado por Bernardo Ajzenberg, alerta: “Não espere o leitor um livro puramente cerebral. Pelo contrário. A esta narrativa não faltam uma ironia bem temperada, um sarcasmo, a utilização de um humor cuja sutileza faria inveja a qualquer comediante britânico.” Esta é uma bela obra que, a exemplo de outros trabalhos de Bernhard, examina as emoções humanas, no que elas têm de mais perturbadoras.