Penso que a minha poesia seja fruto da experiência de meus sentidos e da minha emoção, mas devo dizer que não posso ter simpatia por aquele ‘grito do coração’ (...). Creio que se deva saber controlar as experiências, até as mais terríveis, como a loucura, a tortura (...). E se deva saber manipular com uma mente lúcida que lhe dê forma (...). Sylvia Plath Uma das imagens mais frequentes da mítica contemporânea é a do artista morto no auge de sua carreira e criatividade. A morte assumindo aí o emblema da perfeição, do pacto sereno, experiência-limite. Esse culto do gênio trágico e suicida, do mártir precoce, forma uma galeria bem conhecida na história da literatura do século XX, expressa nas figuras de Cesare Pavese, Ernest Hemingway, Virginia Woolf, Maiakóvski, Anne Sexton, Hart Crane, Mishima. Ao valorizar os aspectos da personalidade desses escritores, muitas vezes a crítica eclipsou o valor de suas intervenções estéticas. No caso de Sylvia Plath, depois de seu suicídio em [...]