A autora desvela, para seu leitor, os modos como Fora Ferreira da Silva retoma a mitologia clássica em seus poemas, a exemplo das figuras de Perséfone e Orfeu, e recupera o vigor contagiante e a força misteriosa desses mitos, como se pode constatar nos seguintes versos que aludem a Perséfone (Koré): Não vi teu rosto/Mas teu poder Cada manhã nascia/para morrer nos carros de ouro do crepúsculo. Ao mesmo tempo, analisa a delicadeza da linguagem poética de Dora Ferreira da Silva, mostrando a leveza da tessitura imagética que constrói pontes com o transcendente e o sagrado e desencadeia a epifania do mistério. A pesquisa desenvolvida pela autora articula com rigor os conceitos teóricos da crítica do imaginário ao estudo dos poemas selecionados. O resultado alcançado reúne duas relevantes contribuições para os estudos literários no Brasil. De um lado, um significativo contributo para o estudo da obra da poeta paulista; e, de outro, um importante ensaio sobre a presença do sagrado na poesia lírica brasileira, fundamentado nos estudos do imaginário.