Dois traços fundamentais caracterizam a história de Portugal; e começa por surpreender a precocidade dos acontecimentos que lhe formam a trama. De todos os países da Europa, Portugal foi o primeiro a realizar a sua unidade nacional e a fixar os limites territoriais que praticamente não sofreram alterações desde meados do século XIII. Foi também o primeiro a conhecer, em finais do século XIV, uma revolução «burguesa». Foi ainda o primeiro, nos séculos XV e XVI, a lançar-se aos oceanos para descobrir novas rotas de comércio e fundar impérios além-mar. Mas precocidade em história implica muitas vezes fixidez e conservação do passado, como se estruturas cedo elaboradas só lentamente pudessem evoluir e modificar-se. Portugal, efetivamente, foi o último país da Europa a empenhar-se no processo de descolonização. Foi também uma das últimas nações onde se constituiu uma sociedade moderna, extraindo os seus recursos da indústria e não somente do comércio ou da agricultura. É por fim um dos Estados onde o sentimento nacional parece manifestar ainda muitas reticências em sacrificar parte da sua independência a favor de organismos supranacionais.