Após A Casa da Água, no qual criou a inesquecível protagonista Mariana, Antonio Olinto dá à luz, neste segundo volume da trilogia Alma da África, uma outra personagem forte: Abionan, a vendedora que pertence a uma das cinco famílias reais de Keto. Tendo por base o provérbio iorubá que diz que "mãe é ouro, pai é vidro", Olinto retrata no romance O Rei de Keto uma sociedade predominantemente feminina. Nesta obra, Abionan - amiga da velha Mariana, que saiu da Bahia com a avó Ainá, a mãe e os irmãos com destino a Lagos - pensa constantemente no filho que poderia ter sido Alaketo, rei de Keto, caso não houvesse morrido tão pequeno. O livro traz aspectos da crença dos iorubás nas histórias contadas pelo adivinho Fatogun, que mistura as lendas tradicionais com suas próprias invenções. Relata também aspectos universais, como a ganância pelo poder - motivo pelo qual Abionan acha que o filho foi assassinado pelo tio Olaitan, desaparecido após a morte do menino. Cícero Sandroni, da Academia Brasileira de Letras, afirma que "nos romances 'africanos' de Antonio Olinto o autor não apela ao pitoresco ou ao folclórico, recursos fáceis para um escritor talentoso e experiente que, ao escapar das armadilhas do popularesco, não desdenha da peripécia ou não se recusa a narrar os costumes locais, nem sempre familiares ao leitor brasileiro". O Rei de Keto, segundo volume da trilogia Alma da África, de Antonio Olinto, publicado originalmente em 1980, é uma leitura fundamental para quem deseja conhecer e desvendar a riqueza de outras culturas. A série, que já foi traduzida para dezenove idiomas e teve mais de trinta edições fora do Brasil, inclui ainda os romances A Casa da Água e Trono de Vidro, que também estão sendo relançados pela Editora Bertrand Brasil.