Todo vinho tem sua história", escreve uma vez Veronelli, conhecido gastrônomo e intelectual italiano. No caso dos Antinori, os vinhos se confundem com a própria história da família, que há 26 gerações e mais de 625 anos produz o precioso líquido nas regiões da Toscana e Umbria, que deu origem ao vinho de denominação Chianti, produzido somente na região vitivinífera local e com características distintas, como a de ser feita com pelo menos 80 variedades de uvas Sangiovese. O perfume do Chianti é o relato em primeira pessoa do atual patriarca Piero Antinori. O livro é uma biografia de sua família e, também de suas sete criações - os vinhos Montenisa Rosé, Villa Antinori, Solaia, Tignanello, Cervaro Della Sala, Antica Napa Valley Cabernet Sauvignon e Mezzo Braccio Monteloro. Criações que refletiram o desejo de inovar a produção de vinho, mantendo a tradição, com o lançamento de novos rótulos que mantêm a família como uma das mais importantes produtoras de vinho em todo o mundo. A narrativa centra-se, em especial, no período de 1966, quando Piero Antinori tomou as rédeas da casa de vinho do mesmo nome, até a época mais recente, com a nova geração dos Antinori e cuja empresa está sob administração das filhas Albiera, Allegra e Alessia. Sob o comando de Piero, uma série de investimentos foram feitos em outras áreas altamente adequadas à produção de vinhos de qualidade, que promovessem novos terroirs que são ricos em vitivinicultura potencial. O que dizer do espumante Montenisa, uma evolução do Gran Spumante Marchese Antinori - que mereceu elogios de Giacomo Puccini -, criado pelo seu avô em 1904? A família foi a segunda na Itália a experimentar o método champenois. O Montenisa não é rose à toa: faz uma alusão às três filhas - lembradas com o entrelaçamento de três letras "A"s no rótulo - e também lembra a revolução cor-de-rosa que tem marcado o mercado de vinhos na Itália, atualmente com muitas mulheres em posição de destaque. Exigente e inovador, Antinori quis perseguir, a partir dos anos 70, o vinho "perfeito" de um vermelho mais elegante do que nunca, de alguma forma uma tentativa de restaurar a imponência do Chianti, que já estava em decadência - e cuja aceleração ocorreu, em parte, pela plantação desordenada e improvisada de videiras em áreas impróprias para a plantação de uvas, a partir dos anos 60. Esse vinho era o Tignanello - feito com 90% de uva Sangiovese e 10% Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Também é dos Antiori o Solaia, tinto que foi considerado pela revista especializada Wine Spectator o melhor vinho do mundo. Hoje a marca tem estabelecido uma reputação de excelência e arrojo e tem assinado alguns dos vinhos mais aclamados e inovadores do século XX. Piero Antinori mostra que sabe o que faz e que seu empenho se reflete em suas criaturas, sete rótulos, alguns famosos, alguns inéditos, marcando uma história.