O propósito dos autores deste livro é trazer ao debate acerca da sustentabilidade urbana um momento da democratização do poder sobre os processos socioambientais nas cidades. Apresenta-se aqui um olhar crítico sobre o chamado pensamento único urbano que exige das cidades que elas se ajustem aos propósitos tidos por inelutáveis da globalização financeira. São assim questionados os que evocam as necessidades da inserção competitiva para pressionar as cidades a se transformarem em espaços em disputa inclusive pela via da afirmação de seus atributos ambientais por investimentos nos mercados internacionalizados. A cidade do pensamento único é mostrada, conseqüentemente, como a cidade do ambiente único o ambiente dos negócios. Pois com o fim de estimular os investidores, diz-se estar pretendendo configurar uma cidade eficiente no uso dos recursos, mas também econômica em conflitos sociais, o que termina por requerer dos planejadores urbanos não só competências para a organização do espaço urbano mas também para a pacificação social. Mas ao estimular disputas entre cidades pela via da guerra fiscal, o urbanismo de resultados aqui criticado tem, ao contrário, muito contribuído para reduzir as receitas públicas e os recursos disponíveis para as políticas sociais, aumentando a desigualdade, a exclusão das populações pobres e a degradação dos recursos ambientais, favorecendo conseqüentemente a multiplicação dos conflitos. A modernização ecológica, por sua vez associada a este urbanismo competitivo, poderia estar, assim, não mais do que contribuindo para o que se tem chamado de desintegração da modernidade híbrida, que faz com que as inovações econômicas, tecnológicas, socioculturais e agora ecológicas beneficiem apenas pequenas minorias, e que as posições relativas conquistadas na construção de certos direitos venham se transformando em regressão social e dependência. Os autores deste livro, na contracorrente desta tendência, procuram pensar as políticas urbanas e suas dimensões ambientais na perspectiva da recuperação das cidades como espaços por excelência da inovação social e do exercício democrático.