O livro As desordens da vida, constitui-se em uma reunião de artigos de Jacques André organizados em três capítulos: Metapsicologia e clínica, Sexualidades e A análise e o analista. O texto da obra compõe-se de marcas impressas da psicanálise, esta, para além da falada, a vivida. Sobre a Metapsicologia e a clínica aborda a tradução dos tempos de constituição da sexualidade, do psiquismo em seus padecimentos e apremios (infortúnios) da vida. É primeiramente à análise, ao analista, que o isso resiste. Quando o eu do paciente, ao contrário, já se habituou e conformou há muito tempo. A questão prática se apresenta por si mesma: de onde pode surgir a plasticidade que permita à vida psíquica mudar de forma para se tornar finalmente uma vida? Sexualidades, capítulo que se debruça nas manifestações da sexualidade para sempre infantil, em suas possibilidades de transformação, transcrição ou na insuficiência destes processos, o compulsionar que sentencia. O ser humano é identificado primariamente, em especial, por aquilo que emana do inconsciente parental, processo que é anterior à possibilidade de dispor de recursos psíquicos para o reflexivo: identificar-se. Um dos méritos do mundo psicanalítico de hoje e dos pacientes "inéditos" que ele oferece está em abalar algumas construções e revelar sua natureza de simples montagem precária. Finalizando, A análise e o analista, uma reflexão e convocatória sobre a responsabilidade da psicanálise em não recuar diante da parte mais sombria do humano, diante da violência da coisa psíquica neste percorrido intenso transfero-contratransferencial. O amor de transferência pode se tornar a mais obstinada das resistências, mas pode ser que não se chegue a nada sem ele. A psicanálise não se contenta com buscar o sexual inconsciente nos interstícios da fala; ela mesma sexualiza a situação ao se oferecer como o encontro com o mais íntimo e o mais estranho.