O mérito das "Conferências do Século XXI" organizadas pelo Gabinete de análise e previsão da UNESCO, sob a direcção de Jérôme Bindé, é o de iluminar um grande número de interrogações decisivas para os decénios futuros. Domínio por domínio, dialogando muitas vezes de forma intensa - por vezes quase polémica -, peritos desenham as perspectivas que, em breve, serão as nossas e as dos nossos filhos. Uma trintena de questões servem de fio director. Como vai evoluir a demografia? Que recear das biotécnicas? Quais serão as próximas doenças? Em que se tornarão a água, alimentação, a energia? No domínio cultural como vão evoluir as línguas, a literatura, as paixões? Que poderemos esperar da educação, da democracia, das novas oportunidades da África? Como selar um novo contrato social na era da mundialização? Entre outras. O conjunto é pertinente, sugestivo, esclarecedor. Reunindo as análises de várias dezenas de personalidades tais como Edgar Morin, Jacques Attali, Boutros Boutros-Ghali, Ilya Prigogine, Alain Touraine, Roberto Carneiro, e que não se embaraçam numa maneira de falar abundante e estereotipada, a UNESCO é aqui fiel à sua missão fundamental: ser um fórum intelectual destinado a prevenir os mal-entendidos e o desprezo que geram as guerras, incitar a encontrar e utilizar soluções em que se manifeste mais a solidariedade humana do que a rivalidade assassina. Neste aspecto, a principal lição deste livro é, sem dúvida, a de fazer compreender quanto o futuro não é apenas uma questão de estatísticas, de previsões e de cálculo dos riscos, mas, antes de tudo, uma questão de ética JÉRÔME BINDÉ é o director da Organização de Análise e Previsão da UNESCO, onde anima o ciclo de "Palestras do Século xxi". Docente na École Normale Supérieure, é o principal co-autor do relatório prospectivo internacional Um Mundo Novo