O Médico, Seu Paciente e a Doença é livro clássico de Psicologia Médica. Examina com profundidade e, ao mesmo tempo, de modo claro o que se passa na relação médico-paciente. A medicina alcançou no século passado um progresso notável. Apesar disso, inquéritos de opinião que têm sido feitos em várias partes do mundo revelam uma insatisfação crescente da população no que tange aos serviços que recebem dos médicos. Os motivos alegados não fazem alusão à insuficiência dos doutores. O público leigo não tem condições de julgar o conhecimento técnico dos médicos, a não ser, indiretamente, e de forma inadequada, pelos resultados dos tratamentos. Desde o primeiro instante julgam, entretanto, a personalidade do médico. Ortega y Gasset assinalou que os médicos têm uma gremial incapacidade para compreender os aspectos psicológicos do ser humano. Acostumados a ver, ouvir, palpar, não acreditam em nada que não possa ser tocado ou percebido pelos órgãos sensoriais. A insuficiência na formação psicológica dos médicos foi sempre sofrida pelos pacientes. Em verdade, os grandes médicos de todos os tempos foram observadores agudos das emoções humanas. O comum dos médicos, entretanto, precisa desenvolver esta capacidade. O Médico, Seu Paciente e a Doença foi o resultado de um longo trabalho realizado por Balint supervisionando a atividade clínica de grupos de clínicos e cirurgiões. As experiências de todos eram discutidas, com ênfase na relação médico-paciente. Isso significa que os doutores também eram estimulados a examinar as próprias emoções e o sentido das reações e atitudes que se desenvolviam durante os processos dos diagnósticos e dos tratamentos. É surpreendente que nunca se tivesse tentado, de modo sistemático, estudar o papel desempenhado pelos sentimentos no processo terapêutico. Desde o diagnóstico até a terapêutica e o prognóstico, todos os momentos dos atos médicos estão impregnados de sentimentos que podem ser úteis ou prejudiciais ao doente. Como assinala o próprio Balint, a personalidade do médico é a primeira droga que se administra aos pacientes. Há, portanto, necessidade de ampliar a farmacologia para uma análise dessa droga. Por outro lado o próprio médico vai se beneficiar de um conhecimento maior dos seus objetivos e dos próprios limites. Nenhum livro dessa especialidade, nos próximos anos, poderá deixar de ter o trabalho de Balint como referência. Estudantes e profissionais da área médica ampliarão consideravelmente o horizonte de atuação ao transformarem O Médico, Seu Paciente e a Doença em livro de cabeceira.