Cada vez com maior freqüência a mídia anuncia os últimos avanços nas pesquisas genéticas e técnicas de reprodução em laboratório. Fato que aparentemente faz sombra ao tema adoção. Em sentido oposto, a liberalização dos costumes faz aumentar muito mais a ocorrência de gravidez não desejada. O processo de adoção, neste caso de caráter internacional, traz inúmeras questões. É sobre algumas delas que trata este testemunho. O livro aparentemente um diário, às vezes um desabafo queixoso sobre a rede burocrática apresenta um caso singular. Não um casal com problemas de esterilidade, mas uma família já constituída com o desejo de acolher uma nova criança. Em Paris nos anos 80 do último século, Françoise, professora de inglês e seu marido Bruno, engenheiro, decidem adotar dois filhos nascidos nascidos em países em desenvolvimento. O problema inicial consiste no fato de já terem duas filhas então com 12 e 14 anos. A adoção não é somente um assunto de coração ou generosidade. Põem em jogo relações psicológicas às vezes difíceis; exige superar batalhas administrativas, desconfianças do serviço de adoção e outros entraves reais no processo. Resume-se no manifesto de amor de uma mãe que supera todas essas barreiras. Voz de uma família inteira na busca do crescimento através da experiência do acolhimento. Escrito em linguagem franca, quase coloquial, passa ao largo da pieguice e dos lugares-comuns da benevolência, o livro já tem uma edição espanhola. É mais do que um dos melhores livros sobre o assunto. Construído de forma original ao refletir sobre a opção completa, absoluta, até as últimas conseqüências pela adoção, acaba questionando o próprio desejo de mater-paternidade. Qual a essência do amor filial?