Em Os Segredos da Capela Sistina, Benjamin Blech e Roy Doliner defendem a tese de que Michelangelo teria inscrito em seus afrescos mensagens que permaneceram por mais de cinco séculos ocultas. Para atacar o papado, o artista teria usado seus conhecimentos dos textos judaicos e cabalísticos antagônicos à doutrina cristã estabelecida, transmitindo em sua pintura aquilo em que verdadeiramente acreditava. Os autores revelam pela primeira vez como Michelangelo teria conseguido promover secretamente os seus próprios ideais ? especialmente os ligados ao humanismo, ao neoplatonismo e à tolerância universal ? sem que a Igreja Católica percebesse. Explicam ainda como o gênio florentino pintou o maior afresco do mundo católico sem usar ao menos uma única figura cristã; e como, além das sibilas, representou apenas personagens da Bíblia Hebraica. No período renascentista, era comum artistas incorporarem camadas múltiplas de significado em suas obras, já que em tempos de intolerância e perseguição religiosa eles não ousavam expressar abertamente aquilo em que acreditavam. "Os códigos, as alusões ocultas, os símbolos e as referências veladas, compreensíveis apenas a um círculo bem restrito de seus contemporâneos, eram o único recurso disponível para os que rompiam com os dogmas tradicionais de seu tempo, especialmente quando o artista sabia que suas ideias seriam condenadas por seu mecenas ou pelas autoridades. (...) É isto que torna Michelangelo e suas obras da Capela Sistina tão fascinantes. Talvez seja ele o paradigma do grande artista cuja obra reflete a paixão pela perfeição estética e pela persuasão intelectual. Acima de tudo, ele queria criar obras de arte duradouras não apenas por sua beleza, mas também por suas ideias ousadas - e subversivas para a época - para as pessoas de dentro e de fora da Igreja. (...) Michelangelo tinha certeza de que a história se encarregaria de decifrar o significado verdadeiro, porque ocultar ideias perigosas em obras de arte era uma prática comum de muitos de seus colegas; uma prática de longa tradição ", dizem Blech e Doliner. Na obra, os autores revelam como Michelangelo, com suas intenções ocultas, escapou da censura papal sobre seu trabalho e conseguiu realizar este ato corajoso: "Às vezes, ele usava códigos ou alusões simbólicas que eram parcialmente escondidas; por vezes, sinais que poderiam ser percebidos e entendidos somente por certos grupos religiosos, políticos e esotéricos. (...) São mensagens que ecoam nos dias de hoje com seu apelo corajoso para a reconciliação entre a razão e a fé, a Bíblia Hebraica e o Novo Testamento, e entre todos que se irmanam na busca sincera pela fé verdadeira e no serviço de Deus", completam. Em Os Segredos da Capela Sistina, são apresentadas respostas abrangentes para a maioria das questões que durante séculos atormentaram os especialistas em teologia e história da arte, assim como os pesquisadores e aficionados. * Abaixo, seguem alguns exemplos das ofensas feitas por Michelangelo ao papa que encomendou seus afrescos; de suas referências talmúdicas e cabalísticas; de imagens sexuais e de suas profecias ameaçadoras contra o Vaticano. Porém, de acordo com os autores, suas mensagens não são apenas para criticar o papa e o catolicismo: elas são profundamente espirituais, promovendo uma visão de sintonia entre as religiões. A Capela Sistina seria uma ponte revolucionária entre povos e crenças, criada pelo gênio Michelangelo. * Há estrelas de David no chão da Capela, exatamente no local onde o forno queima as cédulas da votação por um novo papa. Das imagens pintadas por Michelangelo, 95% são do Antigo Testamento, 5% são pagãs e nenhuma é do Novo Testamento. Michelangelo, de acordo com os autores, fez essa escolha propositalmente. * Florença, a cidade de Michelangelo, era um centro de estudiosos de Cabala e livre-pensadores de diferentes religiões, durante a Renascença. Lá, Michelangelo estudou judaísmo secretamente durante sua juventude, e mais tarde inseriu mensagens de enigmáticos comentários rabínicos, como o Talmude, o Midrash e a Cabala nas suas obras, principalmente na Capela Sistina. * Michelangelo fez uso do hebraico em algumas obras, escondendo as formas de letras em imagens famosas, inclusive nas de Jonas, David e Jeremias, na Capela Sistina. * Em todas as culturas, menos a judaica, a fruta proibida no Jardim do Éden é uma maçã, Jonas foi engolido por uma baleia, a arca de Noé é um grande barco, Eva surgiu da costela de Adão, e foi uma serpente comum que induziu o primeiro casal ao pecado. Na cultura judaica, a fruta proibida é um figo, quem engoliu Jonas foi um peixe gigante chamado de Leviatã, a arca era uma grande caixa flutuante, Eva surgiu do lado de Adão, e a serpente tinha braços e pernas. Na capela, Michelangelo pintou um figo, um peixe gigante, uma caixa flutuante, Eva saindo do lado de Adão, e a serpente com braços e pernas - a única do Renascimento. * Acima do suntuoso trono do papa Júlio II na capela, Michelangelo pintou, numa voluta praticamente invisível, a palavra Alef, o nome da primeira letra do alfabeto hebraico, e a letra hebraica ayin. Somente alguém que conhecesse o Talmude saberia juntar essas duas letras, que serviram para criticar o papa. O sentido, "um contra setenta", indica que o papa não era capaz de distinguir entre a pureza da fé monoteística e a pluralidade das crenças pagãs. * A recente restauração revelou um anel de tecido amarelo na roupa de Aminadab. A Igreja na época forçava os judeus a usar tal identificação. O nome Aminadab quer dizer "um príncipe de meu povo". A figura serve como lembrete da perseguição do Vaticano aos judeus, o povo de Jesus.