Como se situam professores, professoras, alunos e alunas face às manifestações de discriminação na escola? Qual a relação desse fenômeno com a realidade social? Quais são as formas possíveis para enfrentar o preconceito na escola? Responder a essas perguntas foi o objetivo da pesquisa que resultou neste livro, da qual participaram três organizações latino-americanas: o Projeto Yachay Tinku (Bolívia), o Centro Cultural Poveda (República Dominicana) e a organização não-governamental Novamerica (Brasil). Somos tod@s iguais: escola, discriminação e educação em direitos humanos trata do estudo de caso realizado no Brasil, do qual tomaram parte docentes e discentes de escolas públicas de diversos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Uma educação solidamente fincada em direitos humanos só é possível de ser conquistada por meio do combate sistemático e incessante a qualquer forma de discriminação. O exercício da tolerância e do acatamento da diversidade deve ter início o mais cedo possível na sociedade, aspecto do qual decorre a importância de fazer da escola solo fértil para o respeito ao próximo. A dificuldade de lidar com tal situação reside na complexa combinação de preconceito e discriminação: ao passo que aquele é uma atitude determinada por realidades historicamente construídas e dinâmicas, esta se reporta a comportamentos e práticas sociais concretas. Nocivamente conjugados, ambos os conceitos persistem na sociedade brasileira, muitas vezes de modo sutil, velado, sub-reptício. Um dos maiores aliados da discriminação e do preconceito é a ignorância. É assustadoramente reveladora uma frase de um professor reproduzida nas páginas que se seguem. Ao avistar três alunos negros no portão da escola, passado o Dia da Consciência Negra, ele comentou com um colega: Ontem foi o dia deles, o Dia de Zebu”. Este livro é parte da estratégia de combate a esse tipo de ignorância e a todos os demais correlatos, a fim de colaborar no desenvolvimento de uma sociedade justa, igualitária, calcada em valores éticos e em direitos humanos, e sobretudo livre de qualquer espécie de preconceito ou discriminação contra gênero, etnia, cor, conduta sexual e religião.