O tema do amor é fascinante, pois sobre ele pode-se falar sob diversas perspectivas e de múltiplos modos. Dele falam os poetas, os filósofos, mas também os místicos. Por isso, é evidente que um primeiro sentido do amor lembra a relação erótica entre amante e amado. Mas essa relação se desdobra e se distingue quando se fala não somente do amor como um vínculo entre o ser humano e a divindade. Essas duas dimensões estão estreitamente entrelaçadas na história da cultura ocidental. Mas especialmente na obra de Ramon Llull, ou Raimundo Lúlio (1232-1316), O Livro do Amigo e do Amado o que se destaca é a força do amor místico, o vínculo dos vínculos, que se estabelece entre o eremita e Deus. Não se trata, portanto, da descrição da natureza e da potência de Eros (amor), mas sim da caracterização do amor como ágape, o amor intelectual do amigo (Blanquerna) para com o seu amado (Deus). O texto de Lúlio se insere na importante tradição dos tratados sobre o amor cujo início pode ser localizado não somente no Cântico dos Cânticos de Salomão, mas também no Banquete de Platão e cuja aceitação chega ao auge na Renascença especialmente com o Banquete, de Dante Alighieri, o Sobre o Amor, de Marsílio Ficino, os Diálogos de Amor, de Leon Hebreu e os Furores Heróicos, de Giordano Bruno.