Che Guevara foi umas das mais importantes personalidades políticas do século XX. Como lembra Michael Löwy, o guerrilheiro heroico, depois de assassinado em 1967, transformou-se em lenda. Sua imagem, seu rosto, suas ideias percorrem campos e favelas da América do Sul, universidades e manifestações dos Estados Unidos e Europa. Estudante de medicina, combatente na Sierra Maestra, presidente do Banco Central cubano, teórico militar, ministro da Indústria, sua vida foi fulgurante e meteórica. O caráter extraordinário dessa vida explica o mito de aventureiro romântico, Robin Hood vermelho, Dom Quixote do comunismo, Saint-Just marxista, Cid Campeador dos condenados da terra e dos guetos, Cristo laico, San Ernesto de La Higuera, venerado pelos camponeses bolivianos, incendiário vermelho acendendo por toda parte as brasas da subversão. Mas o sistema que tenta recuperar o mito não consegue digerir o revolucionário. Por trás da aparência mítica, o que realmente ilumina e dá sentido à vida [...]