As palavras saem do peito, da garganta, da boca de Sylvio de Oliveira como se tivessem atravessado, sufocadas, um longo túnel do tempo e agregado, neste sinuoso percurso, elementos marcantes de atemporalidade. O texto é o mesmo - acrescido de algumas colagens e citações - mas há algo de mais gutural, como se a amargura dos anos de Caetano no exílio tivessem uma tradução ainda mais acre. Há rajadas de guitarras e viscerais percussões - e houvera sido concebido em triste e fosco passado. O que res salta, logo à primeira audição, é a plasticidade sonora - o caetano em Sylvio é o designer - cuidadosa e respeitosamente retocando/reticulando a película do cineasta - e o diálogo dos dois, entre luzes, vozes e sombras, resulta em música para ser vista... música a perder de vista. Quem ouvir verá!