Em um futuro não muito distante, a cidade de Los Angeles é rastreada 24h por scanners, infestada por milhares de insetos imaginários e tomada pelo tráfico de drogas cujo principal produto é a "Slow Death" ou "Substância D" - que afeta os hemisférios cerebrais e causa uma dependência jamais vista. Neste cenário, o agente duplo Bob Arctor tenta descobrir quem são os principais traficantes da cidade, mas pode sucumbir aos apelos de uma viciada sedutora, durante a deliciosa trama de O homem duplo (A scanner darkly), de Philip K. Dick. Com este lançamento, a Rocco dá início à edição da obra de um dos mais importantes e prolíficos autores de ficção científica do século XX no país. O homem duplo chega às livrarias em fevereiro, simultaneamente à estréia do filme de mesmo nome, distribuído pela Warner Bros., e a tempo de comemorar os 25 anos do clássico Blade Runner o caçador de andróides, adaptação do mais célebre romance de Philip K. Dick. Em vez de ricos e pobres, a divisão social no Condado de Orange é feita entre viciados e caretas. Bob Arctor ou Fred para o departamento de polícia onde trabalha é encarregado de desmontar quadrilhas que produzem a temida "Substância D". Disfarçado de usuário, ele mora com dois "amigos", ambos empenhados em experimentar e produzir novas drogas diariamente. Para proteger sua identidade em uma era onde todos os telefones do mundo são grampeados ele tem que usar um "traje misturador" e não pode deixar qualquer rastro de escuta. O perigo torna-se ainda maior quando o agente descobre que um dos seus "amigos" está tentando assassiná-lo. Supostamente para manter o disfarce, Bob Arctor experimenta doses diárias de "Slow Death" que compra de Donna, uma bonita fornecedora com quem começa a se envolver. Mas o vício pela "Substância D" faz com que ele fique confuso entre as identidades de viciado, pai de família e policial. Enviado a um grupo de médicos o diagnóstico é familiar: com o uso da droga letal os dois hemisférios de seu cérebro começaram a competir entre si, formando personalidades cada vez mais distintas, porém aprisionadas em um só corpo. E Bob Arctor pode terminar os dias na temida New Path, uma instituição de recuperação de drogados. No romance, não faltam elementos típicos da obra de Philip K. Dick. Estão lá referências cinematográficas clássicas como os filmes "Planeta dos macacos" e "Easy Rider". Não faltam também diálogos sobre funcionamento de máquinas e novas tecnologias que sobrevivem, até hoje, no mundo de Philip K. Dick. O homem duplo foi escrito como uma homenagem do autor a amigos que tiveram graves problemas com o uso de drogas nos anos 70. Logo na abertura do livro, ele escreve: "Esses foram amigos que tive; não há melhores. Eles permanecem em meu pensamento, e o inimigo nunca será perdoado. O ‘inimigo’ foi o erro ao brincar. Que eles brinquem novamente, de alguma outra forma e que sejam felizes." Uma mensagem do autor às pessoas que quiseram se divertir para sempre mas foram duramente castigadas por isso. Entre as cenas de psicodelia, há espaço para uma mensagem de alerta e também de esperança. A adaptação cinematográfica do romance rodada em rotoscopia técnica em que os frames do filme servem de base para uma animação - foi lançada no ano passado nos EUA. Dirigida por Richard Linklater, o filme tem Keanu Reeves, Robert Downey Jr., Woody Harrelson e Winona Ryder no elenco, e estréia no Brasil em fevereiro. Desde que foi lançado, há exatos 30 anos, O homem duplo ganhou reimpressões ininterruptas nos Estados Unidos e figura entre os três romances mais vendidos e populares do escritor norte-americano. No Brasil, o livro já circulou em versão portuguesa (Edição Livros do Brasil, de Lisboa), mas esta é a primeira vez que ganha uma edição nacional. O romance "Do Androids Dream of Electric Sheep?" livro que deu origem ao filme "Blade Runner" já está no prelo, mas ainda não tem data definida para chegar às livrarias.