A cosmovisão lírica do poeta, em “O sol do meu quarto”, se faz presente primeiramente na busca da cosmologia entre a terra e o céu, repleto de estrelas, de maiores ou menores grandezas, pássaros, ventos e o astro Sol. E do solar que irradia luzes, cresce o vislumbre nos encantos cosmo\u0002gônicos ventados de jardim e mar, deuses e anjos, dragões, presenças de flores e xícaras de café, retratos e a passagem do tempo nas estações, em especial, a primavera. O tempo é matéria sublime e imaterial que escorre por entre os dedos da escrita de suas palavras, “o gesto de oferecer o verbo” em suas metáforas, que atravessam seus rumos descendentes e ancestrais, a luz e a escuridão em contraponto no fora e dentro de um “eu” deflagrado e revelado, entre o celeste e o subterrâneo de raízes, “uma árvore dentro de mim\/ em outro lado do tempo” sobrepondo o alarde “vou vivendo de mim\/mas tão sem mim”. Para o poeta, “a memória é paisagem”.