Pierre Ferrari, professor de psiquiatria para a infância e a adolescência da Universidade de Paris, expõe, de forma bastante eficiente, as informações essenciais sobre o autismo infantil. Desse modo, o leitor fica sabendo que o termo "autismo" foi empregado pela primeira vez em 1911, pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, para descrever a fuga da realidade e o retraimento para o mundo interior dos pacientes adultos acometidos de esquizofrenia. Somente em 1943, o psiquiatra Leo Kanner descreveria com maior precisão o autismo infantil. A partir da década de 1970, os meios científicos manifestaram um crescente interesse pelo assunto, o que possibilitou o desenvolvimento de pesquisas nos âmbitos neurobiológico, cognitivo e psicanalítico. Alguns especialistas consideram o autismo uma alteração global da personalidade e da relação com o mundo, enquanto outros acreditam que deve ser concebido como um transtorno invasivo do desenvolvimento, bloqueando na criança a organização das grandes funções psicológicas. Muitas vezes confundido com outras síndromes, esse transtorno apresenta-se com algumas características marcantes e, de maneira geral, consiste na incapacidade de estabelecer relações normais com as pessoas e de reagir normalmente às situações, desde o início da vida. A obra apresenta um amplo panorama desse complexo distúrbio da personalidade: a evolução e as diversas correntes de estudos; os métodos de avaliação e diagnóstico; as formas de tratamento, que aliam medidas educativas, pedagógicas e terapêuticas. Traz importantes contribuições acerca do comportamento dos responsáveis pelos cuidados das crianças e também aborda a questão do autismo na adolescência e na vida adulta. O autor ainda nos lembra da importância do reconhecimento do autista como sujeito, que merece a dignidade de ser reconhecido em suas diferenças e de ter assegurados os meios que permitam uma autêntica comunicação e convivência com as outras pessoas.