Descobertas em 1958 por John M. Lothian, professor da Universidade de Aberdeen, as Notas das conferências do Dr. Smith sobre retórica e belas-letras consistem na transcrição manuscrita, em dois volumes, feita por uma dupla de alunos, das aulas que Adam Smith (1723-1790) proferiu na Universidade de Glasgow, em 1762-63. São 29 conferências sobre oratória, eloqüência e os diferentes tipos e características de estilo, nas quais o autor investiga as "diversas formas de comunicarmos nossos pensamentos por meio da palavra", além de examinar os "princípios das composições literárias que contribuem para persuadir e entreter". Segundo Peter France, Smith "considerava o estilo como a expressão natural dos sentimentos e da natureza individual do autor. Isso significa que, assim como na doutrina clássica, as circunstâncias, o gênero do discurso e a intenção do orador ou escritor também contribuem para determinar o estilo de uma obra, mas agora a tipologia dos estilos (disperso, conciso, nervoso, fraco etc.) se baseia, sobretudo, na psicologia. (...) A retórica de Smith se quer "natural" e funcional, livre de toda afetação. Ele debocha daqueles que se utilizam de tropos e figuras de linguagem descritas nos manuais, que qualifica de ‘uma série de livros muito bobos e nem um pouco instrutivos’." Na opinião de James Moore, um dos mais interessantes aspectos destas Conferências "é que elas nos ajudam a compreender melhor as origens dessa sistemática preocupação do ser humano com os sentimentos e suas formas de expressão. (...) Na análise dos discursos de Demóstenes e de Cícero, mais uma vez é notável o destaque dado por Smith não à sua estrutura, mas à maneira pela qual esses discursos se mostram adequados às crises de âmbito civil e comercial vigentes nos últimos anos da democracia ateniense e da república romana". Nesta edição brasileira, a tradução é de Rebeca Schwartz.