O Príncipe, de Maquiavel, tem uma reputação nefasta. Diz-se que foi leitura de cabeceira de Napoleão, de Hitler e de Estaline, e Shakespeare utilizou a palavra "Maquiavel" na acepção de um intriguista que se compraz em sacrificar pessoas em prol de fins malevolentes. Trata-se, também, de uma obra incessantemente atacada pela religião: O Príncipe foi inscrito no Index de livros proibidos da Igreja Católica, e vituperado pelos reformadores protestantes. Habitualmente, O Príncipe é lido como um tratado político ou como uma obra de história ou de filosofia, mas, se analisado com mais atenção, constata-se que contém várias leis de sucesso genéricas, das quais o leitor, ou o gestor hodierno, pode tirar proveito. A diferença-chave entre o manual de Maquiavel e outros guias para príncipes que surgiram na mesma época reside no facto de estes últimos terem sido, quase sem excepção, escritos para governantes que eram herdeiros do trono que viriam a ocupar.