No mundo atual, parece evidente a crise epistemológica que se traduz na necessidade de modos de saber sobre homens e coisas de caracteres distintos dos que vigeram até então. Isso especialmente em decorrência, respectivamente, do fracasso das teleologias historicistas então dominantes e da crítica aos dogmas da ciência moderna. Saber sobre os homens, saber sobre as coisas é uma reflexão sobre a problemática do conhecimento na sociedade ocidental. Tendo por mote a crise epistêmica contemporânea, volta-se, num primeiro momento, à busca do entendimento de como se configura o quadro referencial ora em descrédito. Especialmente, procura desvelar nesse processo as categorias história, geografia e ecologia, e suas respectivas idéias-suporte de tempo, espaço e natureza. Com esse intuito, realiza uma leitura crítica sobre como as questões do devir humano e da natureza são abordadas e relacionadas desde a eclosão da cultura grega originária até a modernidade. Em desdobramento, agora centrado no domínio moderno, faz uma retrospectiva das críticas de diversos matizes ao saber histórico e recupera elementos de novidade no saber sobre as coisas que vêm à tona na ciência do século XX. Ao final, enfoca a problemática do saber sobre os homens no contexto contemporâneo, particularmente as tópicas que dizem respeito à história e ao tempo, à geografia e ao espaço, à ecologia e à natureza. O ponto de vista assumido é o de um perspectivismo histórico do conhecimento. Saber sobre os homens, saber sobre as coisas, porém, não é uma trajetória que visa a construir novos marcos a serem assumidos incondicionalmente no presente, tem por intuito final apenas clarificar fundamentos relativos às possibilidades da construção do saber sobre os homens no mundo atual, de modo a oferecer um quadro de referências múltiplas possíveis, uma episteme não-canônica.