Nos últimos anos, vários escritos vieram à luz sobre a história do livro e da censura no mundo luso-brasileiro entre finais do século XVIII e inícios do XIX. Pouco, porém, se conhece ainda a respeito dos mecanismos de funcionamento da censura e das práticas de leitura que possibilitam repensar as sociabilidades culturais e as tensões que se estabelecem entre o poder do livro sobre o leitor e a liberdade deste último na ressignificação dos textos. Por meio de sua curiosidade insaciável, o livro de Luiz Carlos Villalta vem preencher essa lacuna. Com trama convincente e pesquisa pormenorizada, este estudo instigante analisa os usos atribuídos aos livros pelos leitores e as práticas de censura que incidiram acerca da circulação, da posse e da leitura de obras no mundo luso-brasileiro, durante a crise do Antigo Regime. Luiz Carlos apresenta, assim, conclusões inovadoras sobre esse fascinante processo do mundo do livro e da leitura, em texto escrito com clareza, dando imenso prazer ao leitor, que poderá, por sua vez, recorrer à sua própria inventividade para elaborar outras interpretações. Afinal, como lembrava Borges, cabe aos leitores enriquecerem o livro.