'A Era da Iconofagia' reúne ensaios sobre comunicação e cultura numa era de predomínio dos meios visuais sobre os sonoros, táteis, olfativos e gustativos. A comunicação de distância instaurada pela crescente paixão pelas imagens conduz a uma nova tipologia das relações, a uma distinta percepção do mundo e das pessoas, sempre com a intermediação da visualidade e com a exigência da visibilidade. O presente livro procura analisar alguns dos fenômenos daí decorrentes, entre os quais o consumo indiscriminado e frenético de imagens que se configura como uma verdadeira devoração das imagens; a mudança do sentido de orientação para o sentido de "ocidentação", a busca do poente e do crepuscular, como patologia resultante do excesso de luzes e da "superficialização" do mundo visível; a sedação provocada pela avalanche de imagens, levando ao "estar sentado" como principal postura da civilização contemporânea; o excesso de imagens que não apenas desvaloriza as próprias imagens como também provoca uma diminuição de nossa capacidade visual, gerando crise de visibilidade; a perda da capacidade de estar presente, de sentir-se vivendo uma experiência aqui e agora, pura e simplesmente, provocada pelas crescentes demandas da visão prospectiva; as circunstâncias de nossa mídia que conduzem à criação de adultos pueris e crianças senis. Ainda outros temas são abordados, como a "cultura do ouvir" e a "cultura do eco", o "corpo em quiasma", as transformações do espaço com o advento de novos meios, e a comunicação compreendida como processo de criação e manutenção de vínculos que começam e terminam sempre no corpo.