orelhas servem para ouvir (não confundir com ovelhas) Tocam os sinos do cemitério ao lado de casa. Orelhas servem para gente ouvir, você me disse, e penso que estas orelhas vão acompanhar para sempre o livro, andando de mãos dadas com ele. Então estas orelhas estão coladas, a não ser que a leitora decida cortar, é uma opção. Um livro é uma obra de manobra. Este Kyrialles é uma viagem no tempo. Na entrada, o título-esfinge, e logo em seguida a recusa à clausura de Ferlinghetti. Este livro é povoado por muita gente. Contei 56 nomes próprios: santas, poetas, monges, parceiras, presenças que convivem no livro numa equivalência-pêndulo. Haroldo, Juliana, Merton, Olga, Suzuki, Blake, Torquato, Silesius, Dorothy, Daniel, Roque, Gabriel, Maria, Tzu, Cardenal, Érica. Todos juntos convivendo, todos fazendo companhia no seu poema, fazendo companhia no seu caminho. E esse caminho também trama assombrações. Os poemas desfazem o que se pensa puro e santo para a experiência real do corpo (...)