Quem é e como é esse tal de Juó Bananére? Um narrador e personagem – quem sabe um heterônimo – ou simples pseudônimo de um escritor ocultado que fala por outro e por si mesmo? Qual seria, afinal, o estatuto da representação dessa espécie de persona que, ao que tudo indica, ganhou autonomia, quase plena, frente a seu inventor? Fenômeno semelhante acontece com o Barão de Itararé e seu inventor Aparício Torelly, além de alguns outros, que trabalham com o gênero cômico popular. Isso indica que o cômico popular – que tem origem nas festas coletivas, nas práticas de expropriação, ocultação e hibridização de materiais, nas combinações disparatadas e arbitrárias – quando se realiza na escrita contamina-a com essa “lógica” diversa e a transforma em “outra coisa”, que não o padrão erudito e seu aparato de poder. A força humorística e satírica do cômico macarrônico institui sua autonomia frente ao cânone erudito e os padrões de leitura deste não servem e não dão conta desse corpo estranho no mundo da escrita. Isso lembra os problemas de leitura da obra do Marquês de Sade (este por diverso motivo). E essa espécie de bagaço fala e escreve pela voz dos despossuídos do país, o qual nunca terá prestígio mas se impõe como uma afronta, uma escrita afrontosa, já que não é bagaço de si próprio, senão dos poderes do Capital.