Na segunda metade da década de 1950, Mário Faustino era um dos nomes mais discutidos da poesia brasileira. Negado e reverenciado, como todo poeta de vanguarda, tinha ainda a seu favor o fato de dirigir, no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, uma página denominada "Poesia Experiência", na qual acolhia os poetas novos e divulgava os mestres universais do verso, de Homero a Ezra Pound. Essa atividade, que durou cerca de dois anos, foi fundamental à sua atividade criadora, com a incorporação à sua própria poética de temas, técnicas e formas, bebidas nas tradições multisseculares da poesia ocidental. Por essa época, porém, o poeta já havia publicado aquele que seria o seu único livro, O homem e sua hora (1955), poemas metafóricos, nos quais se liga ao universo mítico da cultura clássica e do cristianismo. No prefácio Melhores Poemas Mário Faustino, Benedito Nunes observa que "surpreendemos aí o embalo da grande lírica do sobressalto metafísico, da revivescência órfica e da rememoração histórica, ora dialogal, ora tendendo ao distanciamento narrativo, épico", apreendida em T. S. Eliot, Dylan Thomas, Ezra Pound, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Jorge de Lima. Ainda, para o mesmo crítico, Faustino seria "o poeta da poesia, o poeta que pensa", aquele que se aproxima e se apossa da realidade do mundo através da criação verbal. A morte prematura do poeta (nascido em Teresina, PI, em 1930), em um acidente aéreo no Peru (1962), impediu o pleno desenvolvimento de suas possibilidades artísticas, assim como a divulgação dos poemas escritos após a publicação de sua obra. Uma parte desse material acha-se resgatado neste livro, apresentado em duas partes, "Dos Poemas Posteriores" e "O Poeta como Tradutor de Ezra Pound". Valem pelo quase ineditismo, mas sobretudo pelas qualidades do poeta.