Publicada em 1874, a segunda das quatro considerações extemporâneas, Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida, foi definida pelo autor em sua autobiografia, Ecce homo, como sendo o tratado que, através de nossa capacidade de perceber e dar significado ao passado, «traz à luz o que há de perigoso, corrosivo e envenenador da vida». E continua: «A vida doente dessa engrenagem e mecanismo desumanos, da impessoalidade do trabalhador, da falsa economia da divisão do trabalho». Nessa obra o sentido histórico do qual nosso século se orgulha foi pela primeira vez reconhecido como doença, como signo típico da decadência. A obra, contudo, não é pessimista. No último século e neste, a segunda extemporânea tem se configurado representante fundamental da investigação sobre o valor da história e da cultura histórica ocidental. As noções de aistórico e suprahistórico, apresentadas em Sobre a utilidade e a desvantagem da história, podem ainda nos dizer muito acerca de nosso olhar sobre o passado e como nos aproveitamos dele para bem vivermos o presente e gestarmos o futuro.