Qual a importância dos objetos na nossa vida? Quem não guarda algo com ciúmes? Quem já não quis remover tudo da casa de uma pessoa querida que se foi? Quem, ao menos uma vez, não decidiu começar uma coleção? Em que medida isso representa uma materialização da nossa memória? Os objetos são o espelho do que somos e do que fomos, das pessoas que povoam a nossa existência e das que nos acompanharam em fases da vida. Por meio dos objetos, todos nós desenhamos traços importantes da história pessoal: testemunhos concretos, fragmentos ou relíquias, documentos e evidências, todos marcados por investimentos simbólicos mutáveis no tempo. Os objetos materiais, de fato, são parte integrante da nossa vida psíquica e emotiva, contribuem para construir a nossa personalidade, participando da formação do nosso caráter, de diversas maneiras, conforme a fase da vida. Por que guardamos? Por que jogamos fora? A posse dos objetos garante uma continuidade da própria pessoa ao longo da vida; onde se dispersam como ocorre nas calamidades naturais, os objetos tornam-se testemunhas da ruptura da integridade da pessoa, mas, em outros casos, a sua eliminação pode representar também uma tensão libertadora que coincide com a vontade de dar espaço a novas experiências.