Existiu, numa época histórica certa, num lugar determinado, um homem que se dizia Deus. Podemos acreditar nele? O propósito desta obra do teólogo alemão Karl Adam (1876-1966), em que se reúnem as quatro conferências centrais que pronunciou sobre Jesus Cristo, não é outro senão proporcionar-nos um fio condutor que leve ao conhecimento vivo dAquele que, sendo homem perfeito, foi Deus perfeito. Cingindo-se rigorosamente aos dados dos Evangelhos, o Autor faz um trabalho de aproximação por círculos, começando por debruçar-se sobre a fisionomia exterior de Cristo, para daí passar à sua vida interior e, por último, à consciência que Ele tinha de si mesmo. O retrato que surge é apaixonante e esmagador. Esse homem ou é um desequilibrado ou então, por mais que custe aceitá-lo, é o próprio Deus. E não resta outra saída senão cair de joelhos e pedir como na cena evangélica: Senhor, eu creio, mas ajuda a minha incredulidade. Mas, além disso, esse homem um judeu, um carpinteiro, um condenado, ressuscitou ao terceiro dia. É outro fato histórico, densamente analisado pelo Autor, que se impõe à consciência dos discípulos com tal força que estes passam a estar comprometidos a anunciá-lo à custa de suas próprias vidas. O Jesus com quem eles conviveram já não é apenas o Mestre bom, é o Kyrios, o Senhor. Já se disse de Karl Adam que a teologia nunca foi para ele um ciência de fórmulas e conceitos mortos, mas a tentativa de expressar em palavras o inefável e de traduzir aqui e agora a realidade espiritual e sobrenatural. Este livro é uma amostra disso, porque, à luz das suas pesquisas, sempre tocantes, não apenas se robustece a fé, como surge a necessidade de uma renovação interior. E nos vemos também nós compelidos a dizer com São Paulo: Para mim, o viver é Cristo, e a saber-nos escolhidos para testemunhas da sua Ressurreição, homens novos, dispostos a opôr a todos os ceticismos e resistências o arrebatador grito de alegria dos Apóstolos: Este Jesus, Deus ressuscitou-o, e disso todos nós somos testemunhas... pois não podemos calar o que vimos e ouvimos.