o amor arde, lateja e se mantém vivo na estrutura do corpo. repare no conforto que o abraço traz e no desespero que a falta dele faz. repare em cada detalhe de cada cena, de cada esquina, de cada canto um dia, naquele dia a poesia foi (e é) a única que correspondeu ao abraço doído do amor ao laço maciço da saudade e ao sentimento rastejante da desilusão e da distância como classificar o trajeto até a completude sem considerar profundamente todos os percalços até lá? respirar é insustentável incontáveis vezes suspirar, contornar, retornar, remar é tanta cor na ponta dos dedos é tanto tom como se cada sílaba fosse lembrança (talvez seja) como se fosse o instrumento mais sutil da cartilha de todos os instrumentos palavras pra descrever o indescritível, vírgulas que definem a pausa dos fluxos o ar, correntes de sensações e cenários e sentimentos explícitos. linguagens tão possíveis, olhares tão reais. memórias tão sutis quanto acariciar os lóbulos da orelha ou passar (...)