Já não se trata de um "processo interminável", como em En Torno al Casticismo, porque a última caixinha está vazia, mas a preferência pela interioridade relativa foi determinante para a conclusão de que, em vez de escrever um romance - apenas um romance, com um único plano de realidade - sobre seu desterro, "a melhor maneira de escrever esse romance é contar como se deve escrevê-lo. É o romance do romance, a criação da criação. Ou o Deus de Deus. Deus de Deo". É também o apogeu de toda uma tendência - iniciada, sem dúvida, por Cervantes - de voltar o romance sobre ele mesmo, tornando-se cada vez mais antirromance, desromanceando-se. A obra Como Escrever um Romance, de Unamuno, é o apogeu de um processo antirromanesco iniciado em Amor e Pedagogia, levado a um cume de maestria artística em Névoa e desdobrado aqui, para além do romance antirromance, para além da própria arte, justamente pelo empenho de transformar a vida - e a própria realidade - em romance, história escrita para sempre.