O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-operário que obteve uma das votações mais expressivas da História do Brasil, chegou a ser ameaçado de impeachment devido ao escândalo do mensalão. As acusações envolvem o ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado José Dirceu, o ex-presidente do Partido Trabalhista Brasileiro, deputado Roberto Jefferson, o empresário Marcos Valério e dois ex-dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares e Silvio Pereira. Como a corrupção abalou o governo Lula, de Luiz Otávio Cavalcanti, vai além do noticiário e explica as origens da corrupção no país e os desdobramentos das denúncias que ameaçam o PT, o governo Lula, dezenas de parlamentares, funcionários de empresas estatais e empresários. Cavalcanti apresenta como a formação do Brasil e da República estão relacionadas a este momento de esperança em risco.A crise do mensalão é conseqüência do nepotismo, do clientelismo e do paternalismo que sempre estiveram presentes na história do país. A República, proclamada por "evolucionários conservadores", manteve as práticas do Império, e a redemocratização criou um sistema político de partidos fragmentados, em que a relação entre os três poderes oscila da conciliação interesseira à paralisia política, impedindo o fim de velhas práticas. O autor mantém a esperança. Se, por um lado, estão em questão a permanência de Lula no cargo e mesmo a existência do PT, por outro, a economia continua sólida e a opinião pública tem se mostrado consciente. Caso a classe política enfrente as conseqüências dos erros cometidos, esta pode ser a chance da implementação de reformas políticas e do estabelecimento de um processo político democrático e maduro. Como a corrupção abalou o governo Lula vai além do noticiário e explica a anatomia do mensalão, um esquema de corrupção que abalou o governo no qual o brasileiro depositou todas as suas esperanças. Em linguagem clara e direta, Luiz Otávio Cavalcanti acompanha os fatos recentes, analisa suas origens e desdobramentos, explica as origens históricas da crise política, mas também mostra a solidez da democracia brasileira.