São poucas, ou limitadas, as iniciativas de desenvolvimento local na região Nordeste do Brasil que efetivamente levaram adiante um processo de inserção socioeconômica bem-sucedido. A pergunta recorrente era sempre esta: como superar os obstáculos que tanto impedem o desenvolvimento do semi-árido? Conviver o Sertão é uma instigante reflexão sobre como um grupo de sertanejos organizados no interior do estado da Bahia adquiriu capacidade de realizar tal superação. Humberto Miranda do Nascimento convida a entender as razões do sucesso da experiência de organização socioeconômica da Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente (APAEB-Valente). Baseando-se na noção de capital social, o autor argumenta que a formação deste se deu a partir do empoderamento dos pequenos agricultores sertanejos, dentro do contexto de transformações históricas, políticas, sociais e econômicas numa antiga área sisaleira do semi-árido baiano. O autor aponta como esse capital social permitiu à APAEB-Valente associar, com êxito, o caráter fabril do cultivo do sisal ao caráter familiar das diversas atividades rurais desenvolvidas. O livro conta como essa associação tornou-se um dos mais importantes protagonistas na construção de um modelo de convivência com o semi-árido no Nordeste brasileiro.