Vou-me embora pra Pasárgada, antologia organizada por Emanuel de Moraes, reúne alguns dos melhores e mais famosos poemas de Manuel Bandeira. Dividido em quatro partes ("Do menino e do beco ao amigo do rei", "Os alumbramentos do corpo e a arte de amar", "Um sorriso irônico para o mundo" e "O poeta satisfeito da vida entre no céu", o livro é a melhor forma de ingressar na obra de um dos grandes poetas da história da literatura brasileira. "Nos estudos que têm consagrado Manuel Bandeira como uma das figuras mais representativas da literatura brasileira neste século, é ele principalmente referido como o poeta do desencanto e da morte", escreve o organizador Emanuel de Moraes. "No entanto", prossegue, "não foi somente esse seu verdadeiro retrato (...). Numerosos são os poemas, dentre os selecionados nesta antologia, em que transfere para o leitor essa alegria e os mitos criados na infância, na adolescência e no inestimável e inescurecível beco, onde residiu, na Lapa, materialmente pobre, mas pleno de poesia. Contagiante, canta e decanta a vida, milagre que a natureza mostra na beleza das paisagens, na luz do sol e no luar, e na delicadeza multicolorida das flores, milagre que se consubstanciara nos alumbramentos do amor." "Vou-me embora pra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra", escreveu Bandeira. "Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha dezesseis anos e foi num autor grego. (...) suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L'invitation au voyage de Baudelaire. (...) Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; e também porque parece que nele sobe transmitir a tantas outras pessoas a visão e promessa da minha adolescência - essa Pasárgada onde podemos viver pelo sonho o que a vida madrasta não quis nos dar." A José Olympio está lançando dois outros livros assinados por Manuel Bandeira: Seleta em prosa e verso e, pela coleção Sabor Literário, Alguns poemas traduzidos.