Seria megalômano nomear-se urânio físsil num mundo que mal se apreende e denuncia, não fosse a voz dos poemas capaz de autoironia. A surpresa é tornar-se radioativo sem glamour de ficção científica, com um salto ao passado. O poeta se ergue anacrônico aqui, rien de nouveau, tal qual caricatura do pessimismo romântico, duvidoso de sua poética pífia, pedante, demodê. Hermes a um só tempo jovem e velho, almeja mastigar apenas versos e vai mofando conquanto leve. Trôpego, exausto, de estômago fraco e vício por decassílabos um soneto, meu Deus? de tudo, entretanto, desconfia desapreço. Assim o que começa num exercício egoico negativo quisera eu ser como outras coisas, bem mais fúteis, / que sempre encontram uso mais seguro acaba por abrir-se: a Beleza/ é lá fora/ ou-/ trem. É no alheio que o poeta encontra seu vigor, saúde. A casa muito engraçada não tem teto, o amor que interessa é o dos surdos: Um deles sembra insinuar/ um algo mais. Um mais. [...]