Tive a grata satisfação de participar da comissão julgadora que avaliou a tese de doutorado do prof. Belarmino Cesar na Unicamp, em 1999, e me lembro bem da afirmação feita por um de meus colegas durante sua argüição. Estávamos diante de uma espécie de guerrilha teórica, que o autor do trabalho movia em suas reflexões contra esse que tem sido, segundo penso, um dos principais problemas da pesquisa que envolve a Comunicação Social na universidade brasileira: o conformismo que se instalou na produção acadêmica sob uma perspectiva mecânica e funcionalista que não consegue dar conta de toda a complexidade econômica, política e principalmente cultural que seus fenômenos têm. Vistas as coisas de agora, passados mais de dois anos da defesa da tese, relendo-a sob a intensificação desse permanente impacto que nos provoca o extraordinário desenvolvimento da mídia e seu papel referencial na construção da hegemonia neoliberal, percebo não apenas a sensibilidade definidora de meu companheiro de banca, mas o mais importante a aguda percepção e a coragem do autor do trabalho.