Texto e contexto se sobrepõem neste livro, bombardeado de eventos que sacodem o leitor entre os extremos do fantástico e do absurdo, entre a barbárie e o naïf, entre o sucessivo e o simultâneo, implodindo completamente a noção de foco narrativo, de espaço-tempo na linguagem e no sujeito. Assim, é possível dizer que, em "Uma Autobiografia de Lucas Frizzo", o leitor ingressa definitivamente no território do pós-moderno, ao deparar-se com a ausência da idéia de origem, tanto origem do texto, ao fugir de uma filiação na tradição literária, quanto fuga da origem das idéias, ao abolir o estatuto metafísico dos mitos modernos, e carnavalizar personagens amplamente conhecidos da história e da mídia. Tudo é possível, do belo ao grotesco, na vida desse insólito Lucas Frizzo. Sua autobiografia denuncia, em meio a ironias e canduras, situações ordinárias e casos excêntricos, numa escrita recheada de flashes geniais, extasiada com o choque entre o ético e o etílico.