Aristocrático em sua origem, pregando a arte pela arte e a impassibilidade, o parnasianismo se adoçou e se humanizou no Brasil. Em vez da frieza do mármore, exaltada pelos franceses, os poetas brasileiros cultivaram um discreto sentimentalismo e um exacerbado sensualismo. Claro que, tudo isso, sob o mais restrito culto à forma, que Olavo Bilac sintetizou e consagrou nos versos famosos da "Profissão de fé", "vibrando a lança/ em prol do Estilo!". Dessa forma, a versificação alcançou um requinte até então desconhecido na literatura brasileira, com imagens mais sóbrias e linguagem mais pura do que a de seus antecessores, excluídos inclusive muitos brasileirismos. O lirismo, em muitos momentos, se abeberou na velha tradição portuguesa, que se origina nos poetas dos cancioneiros. O soneto predominou, com seu fecho de ouro, levando ao delírio poetas, poetastros e declamadores. Pois, apesar do rigor formal, da introdução de temas e motivos que poderiam afastar o leitor, acostumado ao embalo dos românticos, os poetas parnasianos conseguiram uma notável popularidade. Seus versos foram recitados em salões e saraus, talvez com a mesma embriaguez dos bons tempos do romantismo. Com a sua magia verbal, o lirismo sensual, a capacidade "de ouvir e de entender estrelas", Bilac foi o último poeta realmente popular da nossa literatura. Príncipe dos poetas brasileiros. A sua corte era povoada por umesplêndido time de súditos: Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, os outros dois membros da trindade parnasiana; Vicente de Carvalho, grande pintor do mar; Luís Delfino, sensual e ousado, desfrutando à época de imensa popularidade; o sóbrio Machado de Assis, e tantos outros milhares, pois poetar se tornou então um quase vício. A presente antologia inclui dezenove poetas, de expressão diversa, abrangendo todas as tendências e expressões do parnasianismo brasileiro.