O livro que ora apresento é um produto de pesquisa financiada pelo CNPq. Ele versa sobre uma interface entre a educação escolar e o Estado nos anos Vinte. A Velha República tinha um recorte liberal e descentralizado. Assim, o Estado Nacional deixou à inteira competência dos Estados-membros a responsabilidade da educação escolar primária. Não havia nenhum princípio nacional afirmativo que assegurasse a gratuidade e a obrigatoriedade desta etapa da escolaridade. A Revisão Constitucional de 1926 expressa esta tendência de o Estado começar a interferir na ordem social especialmente nas relações de trabalho e na ordem federativa em aspectos da autonomia dos Estados. Os parlamentares que reconheciam, naquele momento, a importância de parâmetros nacionais para o ensino, buscaram introduzir a gratuidade e a obrigatoriedade do primário para todo o país, como um direito de cidadania. Mais importante do que insucesso na empreitada é tentar captar o processo de entrada do Estado nesta matéria. Por outro lado, o único princípio nacional da educação escolar era um mandamento proibitivo: o ensino religioso em escolas públicas era interdito em nome da laicidade do Estado e do respeito isonômico ante os diferentes credos. O insucesso da bancada católica que só não atingiu seu objetivo de reintroduzir este ensino nas escolas públicas por exígua margem de 11 votos não lhes retirou o ânimo de voltar à carga, agora com sucesso, em 1934. Sucesso também apreciado pelos que queriam a presença de um Estado interventor na economia e no social. Assim, a Revisão Constitucional de 1925-1926 representa um momento importante em que a figura do Estado Nacional como sujeito político interventor nas relações sociopolíticas e na educação escolar vai se fazendo presente. Papel do qual as teorias neoliberais dos anos Oitenta e Noventa, em forte ação política, vão buscar reiterar.